Numa madrugada fria, de céu totalmente estrelado, caminhava já na madrugada avançada pelas ruas da minha cidade Lajeado.
A cidade, por consequência, completamente vazia, poucas luzes acesas nas casas pelas quais caminhava sem destino certo.
Aquela minha inquietude, falta de sono, tinha uma razão: estava brabo, com raiva, e cobrando respostas de Deus,
Muitas eram as perguntas que fazia a Ele, sem ao menos O deixar dar qualquer tipo de resposta. Eram perguntas e mais perguntas, em sua maioria queixas minhas em relação a minha vida, provas que acreditava Ele estar me impondo. Queixava- me de não ter coisas que as outras pessoas tinham, sejam elas materiais ou não.
Mas me queixava mais ter não ter podido viver um relacionamento de verdade, de amor com alguém. Perguntava por que Ele me privava da oportunidade de poder encontrar alguém, de poder amar a essa pessoa, amar, apenas isso, não queria uma coisa além de amar, simplesmente isso, afinal, não tinha sido Seu filho que nos ensinou de que deveríamos amar, amar e amar?
Quando estava caminhando sobre a ponte do rio Taquari, que liga as cidades de Lajeado e Estrela, como estava completamente só, sem uma viva alma por perto, parei no meio deste e gritei bem alto, o desafiando a descer e me encarar, desafiando a provar a Sua existência. Entra tantas coisas que disse, perguntei por que de Ele não descia e me encarava frente a frente, afinal, comandar as coisas ai de cima, e ficar apenas me ferrando aqui em baixo, era fácil, queria ver Ele descer, em encarar de frente e me dar as respostas as minhas perguntas e inquietudes.
Quando gritei mais uma vez, bem alto, onde tu tá? Porque não desce? Venhas me prove que Tu existe...
Ao final desta última frase uma estrela enorme, de um brilho que chegou a iluminar a minha volta, cai do céu, deixando um rastro enorme, em forma de cauda, que não se desfez tão rapidamente....
O silêncio após isso foi “barulhento” demais para meus ouvidos... Confesso que não me borrei nas calças porque não estava necessitado...gelei... Não tive mais coragem de dar um passo em qualquer que fosse o sentido a continuar minha caminhada, muito menos em levantar meu olhar em direção ao céu.
Demorou um pouco a me recompor, não do susto, mas sim do medo. Aos pouco retomei o caminho de volta pra casa, e nunca mais não só O desafiei, mas como duvidei de Sua existência.
Hoje quando me lembro deste episódio, vários são os sentimentos e interpretações que me veem a mente. Os sentimentos de medo, susto e de que Deus poderia ter ficado brabo comigo, não duraram mais do que aquela noite, pelo contrário. Vi nesta experiência de que Deus nada mais quis do que tentar resgatar uma, uma única alma, a que naquele momento, quem sabe, estava se perdendo, uma, apenas uma entra milhões, bilhões de almas, naquele momento a minha estava a se perder, assim como Jesus sempre pregava de que temos que buscar aquela ovelha perdida. De que para Ele, TODOS somos seus filhos, e que, portanto, temos o mesmo amor que um Pai bondoso tem por cada um de seus filhos, sem distinguir ninguém, somos todos importantes e amados por Ele. Ele quer a todos, e assim sendo, Ele queria também a mim.
Foi uma experiência única que tive a maior benção e privilégio de poder ter vivido.
Se foi uma mera coincidência....? Poder ser,... porque não?...mas pensando bem, porque não não?