Mais um “Dia
dos Pais”, inevitável, digamos de um modo um pouco mais atento, não lembrar
seja do meu ou dos nossos pais.
Sempre que
isso ocorre, penso se tenha deixado alguma coisa não dita, não resolvida, não
declarada...mas não, penso que não, nada entre meu pai e eu ficou para trás.
Sim, poderia
quem sabe, termos podido viver mais tempo juntos, ter aproveitado mais,
convivido mais, já que ele e minha mãe se separaram em 1976, logo quando viemos
a Lajeado, eu na época, com 11 anos, o que complicava um pouco ir até onde ele
foi morar e viver, um tanto longe de Lajeado.
Outra coisa
que me incomoda, foi o fato dele ter morrido sozinho, num quarto de hospital,
isso sim me deixa triste, já que com minha mãe, vi sua partida e pode
confortá-la de certo modo, isso sim, em relação ao meu pai, me entristece.
Mas fora
isso, ele sempre costumava dizer que éramos mais amigos do que pai e filho.
Acreditava que a amizade entre as pessoas, uma vez que podemos escolher e ter
afinidade com eles, é que criam-se laços bem mais fortes, já que pai e filho, é
por força da natureza e não é sujeira a devolução...aceita-se ou não kkkk.
Nesta nossa “amizade”,
pude ou pudemos, ter nos confidenciado as mais diferentes coisas, segredos e
sentimentos. Contamos e compartilhamos segredos, estes além de discutidos e as
vezes analisados, a certeza de que estaria guardado para sempre.
Com meu
velho, pude muitas vezes rir, chorar, amaldiçoar as coisas, as pessoas, a vida,
tudo... mas sempre depois de me ouvir sempre com toda sua atenção, vinha o
contrapondo de minha raiva, angústia, desespero e inquietudes...e sempre, não
sei como ele conseguia, me fazia na maioria das vezes mudar de opinião, a transformar
quase que no inverso o sentimento sentido a poucos minutos...coisas de RH, como
ele costumava se chamar...
Sim, não
ficou nenhuma coisa a ser resolvida ou para trás... mas que ele faz uma falta
danada, isso sim, não tem palavras muitas vezes a descrever tamanha dor e
saudade.
Ah sim,
claro, tivemos brigas homéricas, brigas feias mesmo, sem agressões, lógico, mas
tivemos vários desentendimentos, afinal, ele não era fácil de lidar e eu
então...imagina juntos. Mas mesmo com nossos temperamentos fortes, orgulhos e
egos, cada um com o maior possível, nunca ficamos sem resolver essas pendengas,
sejam elas, em outros dia discutidas ou sem combinar, como de de comum acordo,
não tocávamos mais em determinados assuntos...ao “nosso” modo foi assim a melhor
maneira de resolvermos...
Mais um “Dia
dos Pais” então amanhã...comercialmente falando, já que pai, mãe, irmãos,
família é e sempre serão todos os dias do ano de nossa existência...pelo menos
penso assim. Mas amanhã é mais um dia em que vem a mente os mais variados
sentimentos e saudades, passa um filma na cabeça da gente, imagens de momentos
bons convividos, compartilhados, na escola, em casa, na rua, no trabalho... Vem
a lembrança ensinamentos, uns aprendidos e até hoje colocados em prática e me
dou conta que muitos deles transmitidos da mesma maneira ao meu filho querido
Pedro Filipe. Vem a minha mente, e muitas vezes transformados em gargalhadas
solitárias, momentos únicos que só nós dois somos testemunhas e cúmplices,
mesmo que em várias e várias madrugadas na pensão Refatti em Ibirubá ou
simplesmente numa mese de bar, nas mais variadas cidades e lugares.
É meu pai, é
meu amigo, nada ficou pra trás, e que bom ter este sentimento em relação ao tempo
em que pude conviver contigo, mas o gosto de quero mais, nossa, bota gosto
nisso...
Na minha fé,
no que acredito, me conforta pelo menos crer na bondade de Deus, e na certeza
do nosso reencontro, seja onde for, mas neste reencontro e ai sim, imagina
quantas coisas legais temos pra colocar em dia, eu o que ainda fiz por aqui e
tu, de onde estiver, aprendeu e terás que me mostrar... Com certeza Ricardo
Hoeper, (RH), será um encontro e tanto...
Beijo
carinhoso e com muito amor e saudade ao meu pai, único...ah...bota único nisso,
e que tive a sorte de vir ao mundo por ti...não poderia ter sido melhor...
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