Sim, final de ano, início de um ano novo. Nele, muitas
vezes vinham juntos, no pensamento, desejos e sonhos, coisas melhores, sonhos que quem sabe poderiam ser realizados
ou ainda, porque não, coisas ruins deixadas para trás no ano que estava
chegando ao seu final.
E como eu, me dava conta disso? Como que conseguia sentir de
“verdade” ou quem sabe “na pele” esse novo ano que se aproximava?
Nas farmácias, sim, nessas mesmo, quando em seus balcões,
estavam ali, a nossa disposição, os famosos “Almanaques” Sadol, ou de outras
marcas, que estavam ali, com suas curiosidades, piadas, fases da lua, dicas de
lar, e até os melhores dias para a pesca.]
Sim, adorava ver que mais uma vez estavam ali, a nossa
disposição, gratuitamente, pegava sempre e os lia de cabo a rabo, normalmente
nas leituras de banheiro, nossa quanta saudades e que bons tempos.
Eles foram a dada novo ano, se tornando mais escassos,
diminuindo de tamanho, quantidade de páginas e assuntos, até, creio eu, porque
nunca mais os vi, a virem a sumir de vez dos balcões das farmácias.
Farmácias essas que igualmente mudaram, os remédios mudaram
de nomes, de cores e formas. Sim, quem sabe, tenho as vezes lá minhas dúvidas,
mas quem sabe hoje mais modernos, eficazes, rápidos em suas ações. Mas sou do
tempo nostálgico, e de certa forma, romântico das farmácias. Os atendentes
usavam jalecos com marcas “tradicionais” como FONTOL, MELHORAL, BAYER ASPIRINA,
BIOTÔNICO FONTOURA, OLINA, nossa e
tantos outros medicamentos que eram obrigatórios em qualquer farmacinha de
casa.
Além de ter nas portas das farmácias, eram sempre de portas
de correr, pantográficas, grades, que nas beiradas, sempre engraxadas para
manterem a sua lubrificação, eram colocadas propagandas, quase sempre do
Melhoral, afim de evitar com que as pessoas se encostassem e viessem a se
sujarem com a graxa ali existente.
Sim, ao fundo, o barulho da caixa registradora, o cheiro de
medicamento no ar, hoje o cheiro predominante é das perfumarias, quase sempre
aqueles fedidos sabonetes Dowe, que se acumulam aos quilos nas gôndolas logo na
entrada.
Lâmpadas na sua maioria, daquelas fluorescentes, compridas,
que quase sempre um ou outro reator com defeito, dava um barulho chato como o
de uma cigarra antando a pleno pulmões.
Propagandas de papelão penduradas por fios de nylon,
terminavam assim a decoração das
românticas farmácias, onde quase sempre, se podia confiar, pela
responsabilidade e experiência do atendente, nas “dicas” e “diagnósticos” para
nosso mal naquele momento.
Hoje as românticas farmácias são poucas, raras,
inexistentes. Hoje os velhos balcões de
madeira nobre, dão lugar ao tal MDF, ou aço inox e vidro. As luzes são modernas
e mais brilhantes, e os atendentes pouco, ou muito pouco sabem, claro, devido a
igualmente mudança de tempos, hábitos, mas nem por isso de responsabilidades.
Sou das antigas, sempre fui, e gosto disso. Sofro é verdade,
mas não me importo, afinal, meu sofrimento é sabido sua origem, e mesmo sem
encontrar mais os Almanaques nas românticas farmácias e Drogarias, me permito a
buscar na memoria o como foi e era maravilhosa essa época, mas que nos dias de
hoje, nem por isso, desejar sempre um ano novo melhor pra mim, meus familiares
e as pessoas que amo e que quero bem.
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