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quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Amor de infância.



O inocente amor de infância...
Quem de nós, de idade um pouquinho mais avançada, não tenha vivido aquele amor de infância?
Não que tenhas a pretensão de saber as respostas e motivos deste tipo de amor hoje não existir mais, mas lembro-me saudosamente e muito carinhosamente dos bons tempos de colégio, principalmente, onde era mais comum nos permitirmos a esse lindo e puro sentimento de amor.
Tudo começava, em cruzar o olhar com aquela menina em que a gente mais simpatizava e geralmente quando ela não estivesse olhando, entre uma explicação de um ou de outro professor, com a imagem dela no olhar, tentar criar um mondo de fantasias, bonito é verdade, onde já conseguíamos mesmo que ainda distante, imaginar, sonhar em juntos sermos e termos uma família.
Normalmente, em forma de desenhos, isso uma professora me disse, pedindo- me até no ultimo dia de aula se poderia ficar com o meu, era representado em sua maioria naquela casinha colorida, de janelas com cortinas de bolinha, um carrinho, quase sempre um fusquinha, na garagem, um verde e grande gramado na frente da casa, uma chaminé, e nas minhas em particular, uma antena de televisão.
Assim, representava em desenhos, minha ideia e concepção de “família feliz”!
A cada novo traço no desenho, a cada trocar do lápis de cor, a cada movimento das mãos, junto estava a imagem guardada num coração puro e inocente, a imagem da colega que sonhávamos poder viver tudo aquilo. Tínhamos a certeza de que relacionamentos seria isso, ou mais ou menos isso, e encontraríamos aquela colega de escola, com ela e somente ela e começaríamos e fazer planos, para um futuro não tão distante e seríamos felizes para sempre.
Seria mais ou menos assim. Filhos acreditem, igualmente sonhávamos com isso, mas o engraçado é que a “forma” de fazermos os filhos, não era o mais importante, poderiam vir nossos filhos pela cegonha que já estaria de bom tamanho. 
O amor, bem como as formas de demonstração deste sentimento, na época, não estava ainda vinculado ao sexo. A forma de amor, pelo menos para mim, era bem diferente, talvez pelo não conhecimento, ainda, do gosto do “fruto proibido”, hahaha.
O que fazia o coração disparar, a boca ficar seca e a perna  tremer, era em primeiro lugar a trocar de olhares, aquele sorriso um tanto tímido e discreto, a troca de bilhetinhos de mensagens muitas delas sem  sentido, ou as mais variadas bobagens a respeito do nosso dia a dia, como temas, o que vai fazer no fim de semana ou quem sabe, de forma mais ousada, é “ se pensa ou gosta de mim”.
Quem não se lembra, da primeira vez que depois de muito criar coragem, se permitir a um “pegar na mão”? Nossa, era simplesmente maravilhosa a sensação de tamanha intimidade.
Com as mãos dadas, ao que tudo então indicava que o único e próximo passo a seguir, seria o de pedir em casamento, já que todos os planos estavam ali, dentro de nossa imaginação e coração.
O passo seguinte ao primeiro beijo? Ah, isso é outra história e um passo bem mais longo a se dar, não é e nem era bem assim, pegar na mão hoje e já sair beijando, ora essa, onde já se viu? Afinal ela era apenas minha “namorada” e beijar seria algo “bem mais sério”.
Nas reuniões dançantes, a tarde é verdade, igualmente eram tomadas e movidas no balanço e no ritmo das músicas, de uma inocência saudosa e muito querida.  Lembro que a menina nos segurava pelo pescoço e nós, meninos pela cintura e entre a gente, caberia tranquilamente mais um casal hahaha, tamanha distância entre a gente. Mas valia então pelo que de mais nos importava e  buscávamos, a troca do olhar, ver a brilho dos olhos de quem estávamos  “apaixonados”, o sorriso de canto de boca disfarçando mas entregue assim que as covinhas de seu rosto a denunciasse.
Tínhamos ao findar deste encontro, a certeza de duas coisas, de que cada um voltaria a sua casa e que na segunda feira voltaríamos a nos encontrar, tendo passado um fim de semana inteirinho, de sonhos distantes que nos transportavam a uma cidade de sonhos onde aqueles desenhos antes expressos em folha de papal, tomavam forma e ainda trazíamos a esses sonhos a sensação do toque da sua mão, o cheiro perfumado de seu cabelo, a voz encantadora quando pronunciava seu nome e o olhar, que na nossa interpretação era do mais verdadeiro, sincero e profundo amor.
Não me lembro de quando me dei conta de ter passado por esta fase, e de quando perdi essa inocência que tanto alimentou de forma tão pura minha doce e querida infância, não, não lembro, infelizmente.
Quando nos damos conta, a vida se apresenta de forma muito diferente, onde por vezes, nem sempre aquele antigo sentimento e maneira de ver o mundo e as coisas, é o mais adequado, por que com ele, ficamos vulneráveis aos sofrimentos impostos pelo mesmo tipo de sentimento, e que por incrível que possa parecer, não sabemos em sua grande maioria de como supera-los, mesmo mais velhos e experientes.
Não são poucas vezes em que me deparo com uma vontade enorme de voltar no tempo, reencontrar aquela menina, aquela colega, em que um dia, quem sabe na minha mais verdadeira forma de ver o mundo, as coisas e esse sentimento chamado de amor, a tenha imaginando fazer parte daquele desenho de linhas não tão retas e de pintura não respeitando muito os limites do desenho, mas que com certeza alguma coisa lá no fundo
me diga de que sim, aquele era o nosso lugar!


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