Quando era criança, meus 7, 8 anos, costumávamos passar os
fins de semana em Porto Alegre, na casa dos meus avós maternos, Victor e
Sylvia.
Eram momentos maravilhosos, afinal na casa da minha avó,
sempre era e foi, o ponto de encontro de toda a família, onde ainda meus tios
mais novos, Beto e Ester, não estavam casados e a casa estava sempre cheia, com
a presença ainda da minha bisa Emma e da nossa empregada Helena, que era parte
da família de verdade.
Lembro que todos os domingos pela manhã, logo cedo, meu avô
tinha que ir buscar o carro na empresa da família a umas 10, 12 quadras, uma
vez que na casa não havia garagem para todos os carros da família. E não foram
poucas vezes em que fui convidado e aceitava sempre a acompanhar meu avô quadra
após quadra, em passos formes e largos, me obrigando a dar dois passos a cada
um dele, o que me deixava orgulhoso de estar em sua companhia. Sentia- me assim
primeiro porque meu avô sempre estava bem vestido e arrumado, sempre de gravata
e paletó, sapatos bem limpos e lustrados e o som de seus passos na calçada me
transmitiam confiança e segurança.
Essas caminhadas, eram e tinham por objetivo, buscar o carro,
para que ele nos levasse aos domingos pela manhã aos cultos na Igreja Luterana
São Paulo. Lá ouvia as inesquecíveis mensagens e sermões do Pastor Leopoldo
Heimann, que mesmo eu ainda criança, na minha interpretação, suas palavras
faziam todos os sentidos, e que de forma reduzida, transmitiam de que Jesus deu
sua vida por nós, que seu amor pelo semelhante deveria nos servir de inspiração
e exemplo. De que nada nesta vida vale mais do que estar em paz com a gente
mesmo, errar o menos possível, pedir perdão por nossas falhas, erros e pecados,
de que ele nos havia preparado um lugar bem melhor para quando partirmos desta
vida, e que acima de tudo e de todos, seu Pai, Deus, nos receberia em seu reino celestial.
Assim, tive de criança, esta base espiritual, que me
acompanha até os dias de hoje e como testemunho, posso dizer que me trouxe de
volta ao caminho do bem , quando em determinado momento da minha vida me
desviei do caminho do bem, no caminho mais justo, no caminho da bondade e da
luz.
Quando pensava que minha vida não tinha mais sentido,
significado e razão para mais nada e mais ninguém, senti dentro de mim aquelas palavras lá no fundo do
meu coração voltarem a fazer sentido, me reconduzirem ao caminho um dia percorrido
e que tinha a certeza de ser o caminho certo de tantos confortos e bênçãos.
Dia desses, no nosso encontro mensal na igreja, o Pastor me
perguntou qual teria sido meu maior e
mais valioso presente já recebido, já que estamos em época de fim de ano e
Natal. Respondi de imediato, de que sem dúvida, meu maior presente foi esse,
que meu avô Victor e minha avó Sylvia me deram quando criança, o ensinamento
deste caminho, de termos fé em alguma coisa, alguém, cremos e confiarmos em uma
religião em um só Deus.
Posso dizer que Deus já me deu inúmeras provas de Seu amor,
de Sua existência e mais do que tudo, de seu amor por mim, sim, eu, apenas mais
um neste Seu mundão cheio de almas, das mais variadas e dos mais variados
continentes.
Essa foi minha resposta a pergunta feita pelo pastor. Isso,
uma coisa tão pequena, simples, singela, mas de um significado maravilhoso,
enorme e sem preço.
Não tive tempo de poder agradecer por este presente aos maus
queridos avós, mas quem sabe um dia, junto deles e do Pai celeste, tenhamos,
como Ele prometeu a oportunidade deste tão esperado reencontro.
“ Na maravilha do mundo, desde as pequenas as mais
exuberantes criações da natureza, impossível olhar para o céu e não acreditar
de que existe um Deus, e acredite, Ele olha por cada um de nós”.
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