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sábado, 27 de outubro de 2012

Um fora de Natal.


O primeiro de mais uns...
Como estamos chegando ao fim do ano, vou resolvi contar una "natais" não tanto convencionais, que esse amigo aqui passou.
Vou começar por um, que fugiu completamente da minha "maneira de ser".
Antes quero dizer que sempre adorei o Natal, sabe, todas as coisas, o pacote, que vem junto com toda essa festa, esta época.
Começava sempre com o final de ano, que mesmo passando ou rodando, valia todas as coisas que faziam parte do clima. Seja de passar direto, passar nas aulas de recuperação, ou como muitas vezes, rodar mesmo, ver o resultado afixado no corredor das escolas com a nota marca em vermelho.
Houve uma época em que as escolas aqui de Lajeado, brigavam por mim. O Castelinho queria que eu fosse estudar no Mellinho, o Mellinho no Manuel Bandeira, o Manuel Bandeira, no Alberto Torres, esse por sua vez queria me ver estudando no João de Deus em Cruzeiro do Sul....
Mas fora isso, tinha junto as lojas, todas enfeitadas, as vitrines com brinquedos, todos eles parecendo estarem olhando pra mim como um filhote de cachorro numa pet shop.
Depois o cheiro que a gente sentia no ar, sabe, aquelas árvores, verdes, de rua, que tem uma florzinha bem pequenininha, amarelinha que dá o "cheirinho de natal"... essas que a prefeitura aqui de Lajeado adora colocar abaixo, por é, essa mesmo.
Depois o ficar na espera do dia 24, na noite, ficar toda família reunida, juntos, comendo bem, quase sempre as comemorações era na casa dos meus avós. Era divertido demais, e claro, o presente do Vô Victor, um cartão sempre muito bem recheado.
Tudo era bom demais, adorava, amava isso na verdade, tanto que contava os dias para tudo isso se repetir.
Na minha casa, não tínhamos pinheirinho e enfeites, sei lá, meus pais não eram muito adeptos dessas coisas. Por isso a casa da vó era uma festa!
Gostava tanto de natal, que tenho dezenas de cds de Natal, 90% importados, já que o Brasil não tem essa cultura de músicas natalinas, fora a que sempre bate o cartão que é a Simone, "Então é natal.......alegria também...."
Tive um programa de Natal na última rádio em que trabalhei, a Germânia de Teutônia, aliás é a rádio oficial do Natal na região, sem modéstia, apelido esse que criei quando anunciava o programa de Natal da mesma que vinha logo após o meu.
Então é isso, adorava, amava mesmo de verdade o Natal...
Mas depois que meus avós morreram, meus pais logo depois, foram  de forma intercalada, Vô, Mãe, Pai e Vó, perdeu se assim, o que ligava a família de certa forma nesta festa, faz parte, a vida é assim, segue e cada um acaba tomando seu rumo, com os seus e parentes dos seus cônjuges.
Como eu nessa não me "organizei" para construir a minha família, acabei aos poucos perdendo toda a alegria do Natal.
Mas vamos lá, vou contar um deles.
Logo no início do mês de dezembro, começo a pensar onde vou passar o natal, anoite de 24 para 25. Se eu pudesse, com certeza tomaria duas caixas de Lexotan e acordaria só no dia 26, seria ótimo, acontece que Lexotan não faz mais efeito neste cara aqui, to curtido disso daí.
Então tentava sempre pensar onde iria passar a fatídica noite. Foi então que encontrei uma amiga, de muito tempo. Trocamos as novidades e logo surgiu o papo de Natal, onde vai passar etc.
Ela me disse que estaria sozinho, o filho passaria na casa da noiva e eu disse que igualmente estaria sozinho.
Ai dei a ideia: quem sabe a gente descobre um hotel, numa praia em que na noite farão um jantar de Natal, tipo pros hóspedes que estejam lá e seja uma espécie de "tradição" deste hotel?
Ela topou na hora! Ok, disse que iria atras deste hotel e que estaria combinado.
Me fui pra internet e achei um hotel, pacote de Natal, festas, jantares, piscina, tudo perfeito.
Estava então com meu "Natal" salvo, não seria igual a uns que já passei, conto em outros relatos.
Ai tava tudo combinado. Então na noite do dia 23, liguei pra ela, e ai? tudo certo?
Bah Ricardo, não vai dar pra ir, deu zebra?
Zebra? Como assim?
Me deu uma desculpa que não colou, depois mais tarde ela me confessou o que tinha de fato acontecido.
Mas então, o que eu iria fazer?
Recorri a velha agenda telefônica e comecei na letra A até a Z.
Em cada ligação, vários tipos de receptividade, entre elas:
- Ah é tu seu filho da puta? Não morreu?
- Ricardo quem? Da onde te conheço?
- O que? Tu sozinho? Bem feito!
- Passar o Natal contigo? Tá sozinho é? Toma porco!
- Bah Ricardo, se tivesse me falado antes, seria parceira, agora é muito em cima da hora.
- Ricardo, não dá, eu casei, não te contei?
- E a fulana? Ué, te deixou? Tomá! Te falei!!!
- Ta precisando de grana?
- Tu tá brincando né?
- Viu, falava mal da minha família...
- Pega uma puta!
- Tadinho, mas to viajando com a família.
- Deixe seu recado na caixa de mensagens.
- Fora de área..
Pela agenda não tava funcionando.
Recorri a internet:
Sites de relacionamentos, salas de bate papo, classificados, e nada...
Logo na manhã do dia 24, comecei novamente a minha interminável busca de uma companhia que quisesse passar o Natal comigo.
Nada, nada e nada...
Fiquei o dia inteiro na internet...quando me dei conta, eram 22 h. Bom desisti. O negócio seria pegar o carro e dar umas voltas, achar onde tivesse um lugar pra comer alguma coisa.
A essas alturas, o dinheiro do adiantamento do hotel tinha ido pras cucúias.
Daí me dei conta: tinha 8 reais no bolso, um carro a zero de gasolina e postos de gasolina fechados.
Mesmo assim saí de casa, achei um bareco que o dono me disse que ficaria mais uns 30 min. Foi ali que comi meu cachorro quente de Natal, sem beber nada, pq sobrara 3 reais, que achei um posto de gasolina aberto e mandei colocar os 3 pila.
Deu para sair do posto, vir até a cidade e dar uma volta inteirinha no centro da cidade e poder ver famílias e mais famílias comemorando a melhor e mais tradicional festa
de qualquer família, seja aqui ou no mundo todo.
De volta pra casa, a certeza de que realmente meus Natais nunca mais serão os mesmos.

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