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domingo, 28 de outubro de 2012
Boca fechada não entra mosca, já dizia minha avó.
Todos sabem que sou apaixonado por bar, barecos, budegas e botecos. Gosto é do clima, quanto mais antigo melhor.
Gosto daqueles que dão a impressão ou que pararam no tempo, ou que simplesmente ao entrar, voltamos literalmente no tempo.
Sim, bares onde o bodegueiro usa caneta bic atrás da orelha, tem propagandas antigas, as de cerveja com cartazes mostrando belas mulheres e o preço escrito a mão, nem sempre com traços assim tão precisos.
Botecos em que se ouve o barulho quase que ensurdecedor da velha geladeira que a portas são parecidas como as de caixas fortes, tipo cofre mesmo e que quase sempre não fecham na primeira tentativa, coisa essa que o próprio já está careca de saber que ela não iria fechar mesmo de primeira e que nada de mandar chamar alguém para ver se pode dar um jeito nisso.
Bareco em que as opções culinárias sejam verdadeiramente para pessoas de estomago forte, que adoram arriscar a vida e que se sobreviver a isso, com certeza irá por consequência voltar, mas pensará mais de uma vez se repetirá aquele pastel, que faria qualquer leão, o Rei da Selva mudar de hábitos alimentares e tornar-se um vegetariano ferrenho.
Então num bar destes estava eu, já conhecia o dono do estabelecimento, e sentei-me a mesa.
Logo mais ao fundo, tinha um senhor, digamos que já passados dos 65 anos. Logo que entrei, ele fixou o olhar em mim, e não tirou mais o olhar sobre o cara aqui. Tentava disfarçar e quando voltava a olhar o tiozinho, lá estava ele, com seu olhar fixo em mim. Estava quieto, tomando uma cerveja.
Já começo a ficar nervoso com essas coisas, quando alguém me encara, principalmente se for homem, tenho verdadeiro pânico na verdade.
O atendente nada de vir até minha mesa me servir.
O tempo parecia durar uma eternidade, o tio firme com olhar fixo em mim, como se fosse um predador afim que calcular, estudar sua presa, seus movimentos e esperando um melhor momento para "atacar"!
Não tinha ideia de que ou de qual ataque eu pudesse ser a vítima.
Eu já não tinha mais como fazer, e pior, ele com certeza tinha percebido que eu estava "vulnerável", estava totalmente desnorteado, desorientado e não tinha mais como sair daquela situação sem um fato novo.
Então o dono apareceu na minha mesa, eu estava salvo, não estava mais sozinho, tinha alguém comigo, agora eu estava "grandão", pensei:
"Vem, quero ver agora que to aqui com meu amigo"!!!
- E ai Ricardo, tudo bem?
- Tudo, tudo beleza, vem cá, discretamente, me diz uma coisa, ta vendo aquele tio lá no fundo do bar?
- Sim, to.
- Ele não para de me encarar desde que entrei aqui, não tira os olhos de mim, é gay né?
- Se é não sei, é meu tio, veio me visitar...
- Me dá uma coca-cola....
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