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terça-feira, 4 de dezembro de 2012

HISTÓRIAS DE NATAL II

Essa aconteceu em Porto Alegre, 1973. 
Morávamos no bairro Navegantes e bem próximo existia a famosa loja: MARINHA MAGAZINE, na São Pedro.
Foi então que numa noite o grande evento da loja seria: A CHEGADA DO PAPAI NOEL, COM SEU TRENÓ, e que as crianças poderiam ter a oportunidade de dar uma volta com ele e tudo mais.
Não deu outra, meu irmão Paulo, e eu, começamos a encher o saco da mãe, para irmos e ter esta "oportunidade única"!
Minha mãe nunca foi muito chegada nessas coisas, mas topou mesmo assim. Com ela, meu avô, Victor, resolveu vir junto pra não deixar a mãe sozinha com dois capetas.
As horas não passavam até a noite...o tempo parecia ter parado, era uma eternidade...
Mas a noite chegou, com ela um calorão e nada disso tirava nossas expectativas de logo logo, ver o Papai Noel em carne e osso e seu trenó!
Cada quadra caminhada, era um passo a menos na direção deste sonho. As quadras pareciam ter aumentado de tamanho, mas estávamos quase chegando, era uma questão de metros...
Dobramos a esquina, da Presidente Roosevelt e São Pedro.... Não tinha uma fila apenas...era simplesmente "milhões" de crianças se aglomerando em uma enorme fila que não se via o final...
Minha mãe quase tentou ensaiar um "vamos embora, ou quem sabe outros dia", mas sem chance! Era hoje, era agora, Papai Noel e seu trenó estava ali, diante dos nossos olhos...
Depois de caminhar mais um montão, chegamos ao final da fila, e bota fila, uma fila de "respeito".
Assim ficamos horas vendo o Papai Noel indo e vindo, levando de 6, a 8 crianças por vez..mas a fila parecia não se mexer.
O passeio era tipo uma volta de 3 a 4 quadras em direção ao Rio Guaíba, quem conhece a rua que estou me referindo sabe, já que pro lado da fila, existe a Av. Farrapos e por lá não teria como.
O tempo ia passando, mas no sentido de ficar cada vez mais tarde e nada de chegar a nossa vez.
Era quase 10 horas da noite e nada..mas pelo menos dava pra começar a ver as crianças felizes em sua oportunidade de estarem ali andando de trenó com o Papai Noel.
Mais um tempão na fila, e nada de chegar a nossa vez, caraca, de onde saíram tantas crianças lá no 4 distrito???
Quase 11 horas da noite, agora já podíamos sentir o cheiro do cavalo, ouvir seus passos na calçada, era só esperar mais um pouquinho.
Umas três "levadas" de crianças antes da nossa vez, não iam mais de 6 a 8 crianças e e sim de 20 em 20. O cavalo já não aguentava mais um passo, sua língua mais parecia uma gravata vermelha, seu olhos estavam esbugalhados, o Papai Noel, já sem aquela carinha "simpática" e amigável, mais olhava pro relógio que ouvia os pedidos das crianças de o que elas queriam de natal.
As 4 ou 5 quadras, de passeio se transformaram em uma quadra que praticamente dava oma volta em circulo, até o primeiro retorno.
Chegou a nossa vez, meu irmão e eu fomos os primeiros da nova "leva" e por consequência, focamos sentados no chão do trenó, um monte de crianças por cima de nós e mais alguns.
Começa nossa volta de trenó, não vi nada pra fora, a não ser a BUNDA suada o Papai Noel e o rabo do cavalo balançando de um lado para o outro. Se olhasse pra cima, minha visão seria um monte de crianças espremidas em cima de mim, juro, nem o céu, nem a lua e as estrelas poderia ver.
Quando me dei conta, não deu tempo nem de sentir o peso das crianças assim como eu, em cima de mim, já tinha terminado o passeio.
No final, nem um tchau Papai Noel me deu, e muito menos tava afim de ouvir meu desejo de brinquedos para a noite de Natal.
No caminho de volta, foi a primeira vez que me passou pela cabeça de que Papai Noel de fato não existia!

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