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quinta-feira, 22 de novembro de 2012

O Valdir era Negão?




Durante minha vida escolar, tive alguns colegas negros e hoje quero falar sobre quem sabe o que mais tive, tivemos, contato e por mais tempo, que foi o nosso colega, Valdir.
De um tempo pra cá, não sei se só no Brasil ou no mundo todo, no meu ponto de vista, algumas coisas estão ou equivocadas ou mel intencionadas mesmo.
Valdir era um cara de família humilde, assim como tantos outros colegas, no tempo em que estudei em colégio estadual, que de imediato fazia parte da nossa turma. Jogava um bolão no futebol  fato esse que sempre na hora de escolhermos os times pra jogar, ele era um dos preferidos e sempre escolhido por primeiro.
Mais tarde, fora da escola, montei, sim eu montei, um time de futebol de salão, lembro até hoje que as cores eram, azul e preto, e que os distintivos foram os da associação da empresa da minha família.
Valdir não tinha condições de comprar a camiseta e calção, e os demais jogadores não se importaram nenhum pouco em dar um pouco mais afim de esse pudesse ser usado no uniforme do Valdir. Mas até então, em nenhum momento, o sentimento de "pena" estava presente em qualquer um de nós, apenas a parceria e amizade em prol de alguém estivesse com um pouco mais dificuldade do que nós.
Valdir sempre foi caladão, mas nunca nos deixava sem resposta, sem um bom dia e nunca deixamos o Valdir de fora de qualquer coisa por ser negro.
Olha que estou me referindo aos anos 75, 76, 77...muito antes de toda essa rapidez de informação e facilidade de informações.
Valdir era Valdir, nosso colega, nosso parceiro e estava na mesma sala de aula de todos, então era da NOSSA turma.
Hoje, juro que não sei o que se passa com o mundo, com as pessoas, e me refiro agora especificamente em relação aos negros. Puxa vida, porque todo um nhé nhé nhém, em cima deles?
Tenho uma opinião muito própria sobre isso e outros assuntos parecidos que só pode ser ou coisa de alguém que estava afim mesmo de avacalhar a coisa, e usa meios camuflados e perversos de fazer a coisa ou não deixar no esquecimento, acirrando a lembrança de antigas discriminações que ocorreram sei lá a quantos séculos passados. Só pode! Porque Valdir era o Valdir, eu o Ricardo, o Mauro o Mauro, o André o André, o Aldo o Aldo, a Carla a Carla, a Adriana a Adriana, a Cláudia a Cláudia e assim por diante.
Um dia, na aula de educação física, o uniforme era: camiseta branca, calção preto, meias pretas e tênis preto. Valdir foi sem meia, e o professor na hora de conferir o uniforme, vê se pode, hoje um professor tenta fazer isso apanha do aluno pobrezinho, na hora que viu que Valdir estava sem meia tentou fazer uma brincadeira:
- Sei meia Valdir? Bom, também não precisa né?
Isso mexeu com toda a classe, repito, por uma questão apenas de RESPEITO, não pela cor de sua pele, e sim todos nós não gostamos da brincadeira pela condição FINANCEIRA de que Valdir e sua família estavam passando e não saímos em defesa dele por ele ser negro, ele por sua cor não precisa, não devia e não deve nada a quem quer que seja, muito menos nós da mesma classe e escola. Não, em nenhum momento passou nossa defesa em favor dele por "lutarmos contra o racismo", nada, absolutamente nada disso, e podem perguntar a qualquer um de nossa turma que lembre deste fato.

Pode ser, quem sabe, que na época, trazíamos de casa, pequenas coisas a mais em nossas "pastas" de aula, como educação, respeito, vergonha na cara, honestidade, caráter...sabe, coisa que nossos avós e pais nos passavam desde crianças.

Ninguém precisava aprender na escola de que todos somos iguais, todos somos da mesma cor, e que todos temos sim os mesmos direitos, até então em sala de aula éramos todos iguais, isso era nos passado não de forma "teórica", posta no quadro negro, como matéria, apenas e tão simplesmente nas atitudes e maneira de conviver em grupo. Não se precisava tocar nesta tecla, isso vinha de casa, isso estava em cada um de nós.

Hoje, quanto mais se fala neste assunto, mais parece que as coisas tomam outro rumo, pelos mais variados motivos que agora não to afim de escrever, porque seria longo demais. Alguém por acaso acha, que não tivemos colegas gays??? Sim, tivemos, e como no caso do Valdir, era igualmente nosso colega, claro que assim como ele era bem mais reservado, igualmente não tocávamos nos assunto, sexo na época era bem mais complicado de se falar abertamente, mas em nenhum momento fora deixado de lado em qualquer atividade ou proporção de amizade como no caso do Valdir.

Já disse aqui e vou repetir: Quanto mais este Serginho Groissman, falar em bulling, mais esta merda vai tomar conta das escola e acirrar ânimos e rivalidades. Eu que sempre fui gago, acha que não brincaram comigo? me deram apelidos? Ric Ric Pedalada??? Morri? Matei? Roubei? Fugi? Meus colegas gordinhos, Baleia fora D'Agua, Rolha de Poço... apelidos que não vingaram, porque em determinado momento quem os deu, ou caiu na real  da piada sem graça e pior, não vingou, a turma não levou adiante e a vida segui em frente pra todo mundo.

Numa sala de aula assim como no exército, as coisas tomam seus rumos ao natural, o grupo se encarrega de arrumar as coisas, não precisamo de escolas, governos, Ongs porcaria nenhuma que nos diga de como devemos ser educados, respeitosos e ter bem formada na mente de que todos somos iguai pra tudo. Não temos como ser divididos sejam em cotas, reservas, preferencias...nada! Já sabíamos disso no jardim da infância, e hoje parece que todos que citei, devem tratar as pessoas como debil mentais e imbecis!
Não quero e não preciso de governo nenhum pra me dizer o que é certo ou errado, isso trouxe de casa, do berço, não me tratem como um idiota. No caso da palmada, nunca precisei dar no meu filho, mas acham que não daria se fosse preciso? Ora, não teria governo nenhum neste mundo e nem em outro que entraria na MINHA casa e me dissesse de como deveria educar o meu filho!!! Era só o que me faltaria nesta vida, um governo porco e corrupto tentar educar, a não ser a sua maneira, meu filho.

Não sou o dono da verdade, mas quero crer que sei os motivos e os porquês de tudos essas coisas, e campanhas a favor de negros, gays etc...mas isso seria para um outro dia, hoje apenas me lembrei de como vivo, vivemos, muitos amigos e eu, em relação ao Valdir e tantos outros colegas negros, assim como o Antônio, que fui gamado na irma dele e a Maria Conceição, a Ceição, que até hoje guardo sua alegria sempre naqueles dentes brancos lindos, num sorriso contagiante nossa querida e verdadeira amizade.

Quanto ao Valdir, vi ele a uns 15 dias, esta completamente igual, sem um fio de cabelo branco, uma ruga na pele, dentes brancos que chagam a brilhar. Ainda calado, conseguimos bater um rápido papo na calçada e ele o que mais me deixou "indignado", sem um quilinho a mais!!!! O saco!!!! kkkk

Juro, durante toda minha vida não tinha percebido que o Valdir era "negão", ele era e sempre foi apenas meu colega Valdir.

Em tempo, Valdir nunca precisou de ninguém e de nenhum de nós para o "defender", pelos simples fato de que nada o diferenciava de qualquer um de nós!!!

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