Era dezembro de 1982...
Passei pela frente de um enorme Cassino, onde no letreiro da
frente dizia: “O Jogo da Vida”, resolvi entrar.
Tinha eu 18 anos completados no último mês de agosto, já na
minha “maior idade”, acreditava ser sabedor de tudo, das coisas do mundo, ser
um experiente nato, onde nada poderia dar errado, afinal, era um adulto, homem,
e que viver dali pra frente, seria uma barbada.
Dentro desse Cassino, uma enorme mesa de cartas, de feltro
verde, linda, como o mais verde dos gramados.
Não conhecia nenhum dos outros jogadores, todos
desconhecidos, cara de poucos amigos, mas muito, acreditava, pela verdadeira “tensão”
do lugar.
Nas mesas, apostas com todos os tipos de valores, altas,
baixas, de fichas das mais variadas cores.
Aquele lugar era encantador, apaixonante, a cada nova
jogada, destinos e sonhos eram ali ou não “ganhos”, dependendo sempre é claro,
do que cada jogador estivesse disposto a apostar.
Não demorou muito, um croupier, em uma enorme mesa, me
convidou a fazer um jogo, uma aposta.
Perguntei de que valor, respondendo-me de que na verdade eu
estivesse disposto a ganhar e quais os riscos a correr.
Olhei para o meu bolso, e estava com tudo que eu tinha,
todas as minhas fichas em relação a minha vida estavam ali. O jogo a princípio
me parecia fácil, não tinha como errar, era acreditar na “sorte”, nas
probabilidades, nas possibilidades, e em quais cartas eu teria na mão.
Lembro assim que sentei a mesa, que meu Pai sempre me dizia
para ter cuidado com as coisas, desconfiar de tudo e de todos.
Levantei-me da mesa e fui conversar com ele, sobre o jogo
que estava disposto a jogar.
Nunca esqueço do que ele me disse naquele dia:
- “Não aposte jamais tudo o que tens, o que possuis, não se
arrisque nunca ao máximo, tens que contar com a possibilidade de “perder”, o
que não é de todo impossível, afinal, o que nos reservará os demais dias de
nossas vidas? Quais outros “jogos” poderemos ter no decorrer dela?”
Ouvi, sim, lembro-me perfeitamente de ter ouvido estas
palavras dele, as quais nunca até hoje esqueci.
Voltei a mesa, peguei minhas cartas...
Tinha na mão um “Straight Flush” uma ótima mão, afinal são
apenas 36 combinações possíveis...
Deixei de lado, tudo que meu Pai me disse, e confiante de
ser sabedor de tudo já aos 18 anos, coloquei minha mão mo bolso, juntando todas
as minhas fichas, todas elas, de todas as cores, a apostei...colocando sobre a
mesa do Cassino da Vida, a minha própria...
Não blefei, confiei, apostei...
Indo em direção das fichas da mesa de apostas, certo de que tivesse ganho, o Croupier,
abre as suas cartas...nada mais que um Royal Straifht Flush...de apenas 4
probabilidades...
Minhas fichas, toda minha aposta, minha vida é retirada de sobre a mesa.
Não me restou uma única ficha, apostei alto, perdi alto.
Não me culpo por este jogo, teria se fosse hoje, na mesma
mesa, no mesmo Cassino, feito a mesma aposta, para o mesmo jogo. Não culpo nem
o Croupier, não fui enganado, tive quem sabe ali uma lição, mas nem essa,
aprendi até hoje.
Sem mais fichas para jogar, restou-me apenas, a ver o mundo
de uma forma bem diferente, daqueles meus 18 anos, daquele mês de dezembro.
Restou me a ver o mundo com outros olhos, olhos de quem ali, tinha a certeza de
ter mudando sua vida para sempre.
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