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segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Histórias do Rádio II.




Meu começo.

Meu começo no rádio, foi em 1980, eu então com 15 anos de idade.
Meu pai, acabou sendo convidado a gerenciar a Rádio Cinderela de Campo Bom, e nas minhas férias de verão, acabei indo passar minhas férias por lá, como sempre fazia em anos anteriores.
Era uma rádio AM, na bela e próspera Campo Bom.
Lá conheci todos os locutores e demais funcionários que faziam parte daquele time. Era uma ótima equipe de comunicadores, pessoas do mais alto gabarito, cada um no seu estilo e característica, uma vez que a programação era com jornalismo e entretenimento.
Conheci ali, Hélio Silva, Enon Cardoso, Nérico Munhoz, Jonathan Munhoz e hoje, meu grande amigo, Delmar Flesch., além de outros que hoje minha memória me trai.
Então, como meu pai ali estava trabalhando e eu de férias, passava o dia todo lá com ele em suas tarefas profissionais, e fui aprendendo coisas sobre o ramo, principalmente com meu amigo Delmar.
Esse era e é, um grande entendedor de gravação, montagem de vinhetas, comerciais, lembrem-se de que estou no ano de 1980, onde a “coisa” tais produções, eram feitas a “mão” de forma artesanal e bem longe das facilidades de computadores e seus infinitos recursos.
Então meu primeiro contato como locutor, foi com o Delmar. Nas horas de folga, ele, com a produção de comerciais prontos, a espera do meu pai para grava-los, me permitia  enquanto isso, me incentivava, já sabendo de minha paixão pelo rádio, a faze-lo, usando a minha voz. Sim, Delmar, produzia o comercial, com minha voz, com o mesmo gabarito, competência e profissionalismo como se eu fosse um locutor de verdade. Nós gravávamos o comercial, ele o produzia e colocava no estúdio, e assim podíamos juntos ouvir o resultado final. Neste, ele me dizia: Olha aqui ficou legal, aqui a gente poderia mudar, sabe, me transmitindo seu conhecimento, compartilhando de sua sabedoria a um simples moleque de 15 anos que era movido a sonhos...tão e simplesmente.
Lembro que um que ficou sensacional, e não por mim, mas pela excelente produção do Delmar, foi um do “Moto consórcio Sinosserra”, no qual você ganhava um capacete na adesão do mesmo e era para motos Yamaha RD 125 ou RD 130.
Foi um momento maravilhoso, em poder ouvir minha voz, numa produção competente e talentosa, tendo ali, nas mãos dele, um cuidado todo especial em produzir e tratar aquela “brincadeira” como uma coisa séria.
Mas, passados mais uns dias, meu interesse ia aumentando e as experiências, mesmo que pequenas, se acumulando.
Foi então que na noite, Nérico Munhoz, tinha um programa de muita audiência, intitulado “A Noite é Sua”. Programa de músicas românticas, em que além das cartas enviadas pelas ouvintes, na maioria mulheres, que eram lidas com sua voz “aveludada”, tinha as leituras de poesias e abraços de ouvintes a ouvintes. Repito, lembrem se, estamos em 1980, tempos bons infinitamente diferentes aos dias atuais.
Numa certa noite, fiz com o Nérico, a locução de seu programa, imaginem, eu, 15 anos, com um jovem, ele deveria ter uns 20, 22 anos, num programa de extraordinária audiência, tento a chance de ler cartas, anunciar músicas... Nossa, era e foi um “grande momento”. E assim aconteceu, naquela noite, junto com ele, dividimos o microfone, as falas, as leituras, lembro que nem dormi direito tamanha minha emoção.
No outro dia, adivinhem? Ele ligou pra rádio, dizendo que não poderia ir a noite, e que eu, poderia tomar o seu lugar.
Resumindo, durante a tarde toda me preparei, meu pai, claro, era o gerente da rádio e tinha suas responsabilidades com os proprietários, anunciantes etc, mas acabou dando esta confiança para eu apresentar.
E assim se fez...assim aconteceu...
Naquela noite esta eu ali, num dos programas de maior audiência da rádio, apresentando o “A Noite é Sua”, lendo cartas, poesias, colocando músicas no ar...
Tremi, suei, engasguei...
Mas não estava sozinho, o operador da noite, Jonatan Munhoz, o Delmar e meu pai, não me deixaram sozinho e me deram força e muito me incentivaram.
Foi uma noite especial, o primeiro passo. Dali adiante, vim a trabalhar de verdade em rádio, 4 anos depois, com 20 anos, na Rádio Tropical FM de Lajeado, essa minha primeira rádio como profissional.
Outro dia, conto como entrei, de como foi meu teste e de como fui locutor mesmo “gago”, sim, sou gago, mas ai é que está o interessante da coisa...
Foi assim meus amigos, minha primeira, e dizem que a primeira a gente nunca esquece, experiência e participação como locutor de rádio.
Até a próxima.
(Ah sim, tenho até hoje a gravação deste programa, sim, está guardado em meus arquivos, e confesso...ouvindo hoje é simplesmente um HORROR)!!!

(Na foto eu uns meses depois, treinando, treinando e treinando, como meu pai sempre dizia, ler, ler, ler e ler, e assim eram minhas noites na garagem da nossa casa, ler, gravar e depois ouvir...).

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