Meu começo.
Meu começo no rádio, foi em 1980, eu então com 15 anos de
idade.
Meu pai, acabou sendo convidado a gerenciar a Rádio Cinderela
de Campo Bom, e nas minhas férias de verão, acabei indo passar minhas férias
por lá, como sempre fazia em anos anteriores.
Era uma rádio AM, na bela e próspera Campo Bom.
Lá conheci todos os locutores e demais funcionários que
faziam parte daquele time. Era uma ótima equipe de comunicadores, pessoas do
mais alto gabarito, cada um no seu estilo e característica, uma vez que a
programação era com jornalismo e entretenimento.
Conheci ali, Hélio Silva, Enon Cardoso, Nérico Munhoz,
Jonathan Munhoz e hoje, meu grande amigo, Delmar Flesch., além de outros que
hoje minha memória me trai.
Então, como meu pai ali estava trabalhando e eu de férias,
passava o dia todo lá com ele em suas tarefas profissionais, e fui aprendendo
coisas sobre o ramo, principalmente com meu amigo Delmar.
Esse era e é, um grande entendedor de gravação, montagem de
vinhetas, comerciais, lembrem-se de que estou no ano de 1980, onde a “coisa”
tais produções, eram feitas a “mão” de forma artesanal e bem longe das
facilidades de computadores e seus infinitos recursos.
Então meu primeiro contato como locutor, foi com o Delmar.
Nas horas de folga, ele, com a produção de comerciais prontos, a espera do meu
pai para grava-los, me permitia enquanto
isso, me incentivava, já sabendo de minha paixão pelo rádio, a faze-lo, usando
a minha voz. Sim, Delmar, produzia o comercial, com minha voz, com o mesmo
gabarito, competência e profissionalismo como se eu fosse um locutor de
verdade. Nós gravávamos o comercial, ele o produzia e colocava no estúdio, e
assim podíamos juntos ouvir o resultado final. Neste, ele me dizia: Olha aqui
ficou legal, aqui a gente poderia mudar, sabe, me transmitindo seu
conhecimento, compartilhando de sua sabedoria a um simples moleque de 15 anos
que era movido a sonhos...tão e simplesmente.
Lembro que um que ficou sensacional, e não por mim, mas pela
excelente produção do Delmar, foi um do “Moto consórcio Sinosserra”, no qual você
ganhava um capacete na adesão do mesmo e era para motos Yamaha RD 125 ou RD
130.
Foi um momento maravilhoso, em poder ouvir minha voz, numa
produção competente e talentosa, tendo ali, nas mãos dele, um cuidado todo
especial em produzir e tratar aquela “brincadeira” como uma coisa séria.
Mas, passados mais uns dias, meu interesse ia aumentando e
as experiências, mesmo que pequenas, se acumulando.
Foi então que na noite, Nérico Munhoz, tinha um programa de
muita audiência, intitulado “A Noite é Sua”. Programa de músicas românticas, em
que além das cartas enviadas pelas ouvintes, na maioria mulheres, que eram
lidas com sua voz “aveludada”, tinha as leituras de poesias e abraços de
ouvintes a ouvintes. Repito, lembrem se, estamos em 1980, tempos bons
infinitamente diferentes aos dias atuais.
Numa certa noite, fiz com o Nérico, a locução de seu
programa, imaginem, eu, 15 anos, com um jovem, ele deveria ter uns 20, 22 anos,
num programa de extraordinária audiência, tento a chance de ler cartas,
anunciar músicas... Nossa, era e foi um “grande momento”. E assim aconteceu,
naquela noite, junto com ele, dividimos o microfone, as falas, as leituras,
lembro que nem dormi direito tamanha minha emoção.
No outro dia, adivinhem? Ele ligou pra rádio, dizendo que não
poderia ir a noite, e que eu, poderia tomar o seu lugar.
Resumindo, durante a tarde toda me preparei, meu pai, claro,
era o gerente da rádio e tinha suas responsabilidades com os proprietários, anunciantes
etc, mas acabou dando esta confiança para eu apresentar.
E assim se fez...assim aconteceu...
Naquela noite esta eu ali, num dos programas de maior audiência
da rádio, apresentando o “A Noite é Sua”, lendo cartas, poesias, colocando músicas
no ar...
Tremi, suei, engasguei...
Mas não estava sozinho, o operador da noite, Jonatan Munhoz,
o Delmar e meu pai, não me deixaram sozinho e me deram força e muito me
incentivaram.
Foi uma noite especial, o primeiro passo. Dali adiante, vim
a trabalhar de verdade em rádio, 4 anos depois, com 20 anos, na Rádio Tropical
FM de Lajeado, essa minha primeira rádio como profissional.
Outro dia, conto como entrei, de como foi meu teste e de
como fui locutor mesmo “gago”, sim, sou gago, mas ai é que está o interessante
da coisa...
Foi assim meus amigos, minha primeira, e dizem que a
primeira a gente nunca esquece, experiência e participação como locutor de rádio.
Até a próxima.
(Ah sim, tenho até hoje a gravação deste programa, sim, está
guardado em meus arquivos, e confesso...ouvindo hoje é simplesmente um
HORROR)!!!
(Na foto eu uns meses depois, treinando, treinando e
treinando, como meu pai sempre dizia, ler, ler, ler e ler, e assim eram minhas
noites na garagem da nossa casa, ler, gravar e depois ouvir...).
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