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sábado, 12 de agosto de 2017

Meus dois pais. 2017


Feliz de quem teve um pai, mas mais feliz de quem teve dois, e eu tive.
Sim, tive dois pais na minha vida, um o biológico e outro de certa forma também, meu avô Victor.
Meus pais se separaram quando eu ainda tinh3 anos de idade, e coube ao meu avô, já que meu pai acabou mundano de cidade, assumir em muitos momentos e situações esse papel.
Na verdade meu avô nunca quis e nem tão pouco pretendeu assumir esse papel e tomar lugar dele, mas na ausência sim muitas coisas ou ele deu sua opinião ou transmitiu sua experiência e conselhos e aqueles puxões de orelha que eram por vezes necessários.
Meu avô Victor sempre foi um estilo paizão, era o centro e elo de ligação de nossa família toda, e esse papel de paizão fez na medida do possível ou em determinados momentos com todos seus netos, e sempre muito amoroso e principalmente justo.
Muitas coisas foi com meu avô que aprendi, que em outros erros tive que me retratar, não por exigências ou cobranças dele, mas pelo respeito e admiração que sempre tive por ele, além de muitas vezes sempre ter sido meu porto seguro.
Tive pouco contato com meu outro avô Geraldo, pai do meu pai, é quase uma "regra" em muitas famílias o lado materno ser mais unido e próximo, até acredito que não seja mais bem assim nos dias de hoje com todas as facilidades de comunicação e locomoção.
Meso tendo pouco contato com ele, e ele falar quase que só em alemão, e que às vezes sentia um certo medo, nunca tive sua atenção quando o visitava, mesmo sendo em estilo germânico.
Com meu avô Victor, tive meu primeiro emprego na vida, tendo recebido das mãos dele meu primeiro salários após com 14 anos ter trabalhado um mês na sua empresa como auxiliar de madeireira.
Sim, em plenas férias de verão, o mês de fevereiro depois de praia, sol e mar, fui antes do novo inicio do ano letivo, colocado pra trabalhar e mesmo a contra gosto, foi muito legal meu primeiro salário, 100 cruzeiros que ao sair foi correndo e no mesmo dia comprei um tênis Rainha Copacabana, meu maior sonho de consumo, tênis fora Kichute, Bamba e a Conga, era artigo de luxo e me permiti entrar nem que pelos pés no mundo dos ricos.

A Espera de Um Milagre.


Eu não tinha como chegar aos 52 anos caminhando em estradas e vindo de lugares tortuosos, de forma reta.
Chegar atravessado e torto a essas alturas do campeonato, mostram duas coisas.
Joguei em times errados e fui muito mal jogador.
Mas e agora? Não dizem por ai que depois de torto se endireitar quebra?
Tá e agora? (aflição)...(medo)...(pavor)...(dúvidas)...
Sim, quebra sim e depois de quebrar ta quebrado e azar do goleiro não é assim?
Mas dizem que o amor muda as pessoas, nos traz paz a lama e espirito, nos conforta e afaga mesmo nas piores das atribulações.
Mas não quero perder as esperanças, e vou me segurar com todo resto de forças que tiver, nos conselhos da minha vó...
Quem sabe ao tentar desentortar esse velho corpo aqui, exista alguém que tenha paciência e amor pra dar, que saiba que o fato de tantos erros foram resultados de escolhas erradas, falta de atitudes, falta disso ou daquilo, medos, inseguranças e total despreparo para ser amado?
Será que eu disposto a mudar e alguém disposto a tentar podemos juntos fazer com que eu ame, seja amado e possa retribuir esse amor a quem o desejar porque sabe que existe dentro de mim e tenho pra dar?
Mas e se for tarde demais?
Se quem estava disposta não está mais?
Ou simplesmente não queira mais?
Ah, sim, somos responsáveis pelos nosso erros e nessa idade, aliás deveria ser sempre, sem desculpas, temos que assumir todos eles em sua plenitude de ações ou falta delas.
Meus últimos dias não tem sido nada fáceis, mas não é aqui no facebook que estou fazendo terapia, e sim, faço desse meu diário pessoal.
Vai que alguém um dia leia, passe por situações parecidas, vai que ajude ou afunde de vez quem fosse ler....kkkk é um rico, risco absolutamente NADA de calculado...
Sempre fui um cara de pouca fé, rezo pouquíssimas vezes, por mais provas de coisas boas que tenha recebido na minha vida de bençãos de um Deus maior, aqui destaco Jesus, esse foi o cara!
Se não tenho ou perdi a fé no amor ou de amar ou ser amado, ainda não, mas para isso, preciso de um verdadeiro MILAGRE!
Boa Noite.

Pai, nosso Herói e espelho na profissão. 2017



Pois então, dia dos pais mais uma vez. Vou falar hoje como filho e não como pai, que sou,quem sabe mais tarde ou amanhã.
Para nós, filhos homens e claro em muitos cados nas filhas mulheres, vemos nosso pai, como um herói, sem pretensão de ser psicólogo,mas acredito que esse heróis, seja pelo lado da masculinidade, da força que nos traz uma espécie de "proteção" maior que a figura feminina da mãe.
Então em muitas coisas tentava me espelhar no meu pai, tentar fazer igual, as que sabia filtrar, não como desaprovação, mas como percepção de "erro de avaliação", tipo isso, exemplo, cigarro.
Nunca senti vontade de fumar, mesmo que ele sempre me oferecesse um cigarro ao ascender o dele, não que incentivasse eu a fumar, mas para eu ter a tranquilidade de que não seria castigado, só aconselhado de que não faz bem e de não "procurar na rua" o que em casa receberia de forma lícita e legal, com o conhecimento dele.
Então aos 15 anos ele foi trabalhar na Rádio Cinderela de Campo Bom. Lá passei minhas férias de verão, e em duas noites tive a oportunidade e "trabalhar" na rádio, e pasmem, como locutor.
Recebi essa oportunidade de um locutor que trabalhava lá e esteve disposto a me dar essa colher e recebi muito carinho de outro profissional que lá trabalhava, meu querido amigo até hoje, Delmar.
Nas duas noites que então trabalhei como locutor e apresentei o programa na primeira com o colega e na segunda sozinho, saí de lá e disse ao meu pai:
- Quero ser locutor, quero seguir teus passos, quero isso para minha vida.
Ele, disse que teríamos que conversar.
E foi, conversamos.
Nunca em hipótese nenhuma, jogou balde de água fria, mas me disse das dificuldades de profissão, entre as quais o baixo salário para quais fossem minhas pretensões futuras.
Deu como conselho, fazer rádio como hobby, como hora extra, lazer, como até terapia e foi o que fiz e segui,
Trabalhei sempre em rádio com outra atividade profissional junto, e para terem uma ideia, trabalhei por DOIS anos de graça, sem receber um único centavo numa rádio aqui da região, e mais, PAGUEI para trabalhar, porque nem dinheiro para passagem de ônibus recebia.
Mas foi uma escola e tanto, fazia pelo prazer, tesão, amor de verdade a essa profissão que tenho muito orgulho em dizer que foi do meu pai.
Meus últimos trabalhos no meio, estava com os bois na sobra por assim dizer, trabalhava em repartição publica, fiz concurso e passei, e quando mais tinha, nesses que consegui receber salário, sou grato ao meu querido amigo Fritz da Germânia Fm em que nas três passagens por lé devo ter somado uns 6 anos de rádio.
Sim, meu pai era um heróis, sempre fui seu maior fã em sua profissão, e me orgulho mesmo ter "puxado" a minha mãe, kkkkkk na voz, foram anos maravilhosos na produção e apresentação de vários tipos de programa.
Se desisti aos 52 de voltar a trabalhar em rádio?
Nunca, rádio é no dito da profissão, uma cachaça e além de viciar, não podemos dar o primeiro gole.
Ah sim, e sobre meus dois primeiros programas de rádio em 1980 na Cinderela, SIM, tenho eles gravados e as vezes crio coragem de ouvi-los no carro em minhas viagens por ai...
São ruins demais da conta...
Feliz Dia dos Pais, a todos vivos em corpo ou eternos em nossos corações.
Na fotografia, ele em sua primeira rádio em que trabalhou, Alto Taquari de Estrela, logo depois que saiu do serviço militar da Base Aérea de Canoas, rádio essa que trabalhei também nos anos 90, por dois anos. Orgulho antes de tudo em poder ter tido a oportunidade de pronunciar o mesmo prefixo que ele um dia já havia feito.

Dia dos Pais 2017.




Meu Pai, de brigas aos mais confortáveis abraços.
Sim, vamos por partes. Minha mãe não tinha o mesmo carinho que meu pai, por incrível que pareca. 
Meu pai, mesmo com cara de alemão, e filho de avô diretamente importando da Alemanha, era muito carinhoso.
Ela que nos fazia cosquinhas, contava histórias, tirava um tempo, talvez ai porque eu seja homem, para tirar um tempo de jogar futebol, brincar comigo de castelos de areia na praia com baldinhos e sempre estava disposto a conversar sobre qualquer assunto, era ótimo parceiro de papo, sempre foi.
Ai, veio adolescência e ele teve papel fundamental para segurar minhas barras complicadas de superar, desde relacionamentos amorosos fracassados até o mais alto nível da depressão.
Depois um com mais idade, vieram as brigas, sim brigamos muitas vezes, batendo na trave se chegar as vias de fato, ora por culpe dele, que não vem ao caso e outras por culpa minha, esse é o ponto.
Quando tivemos brigas pela "culpa" vamos dizer assim, dele, o erro foi semente meu!
Nas vezes em que ele quem sabe pudesse estar passando exatamente as mesmas coisas que hoje eu esteja, eu não soube "avaliar" esse seu momento de fragilidade e que com certeza fosse esse o que mais precisasse de mim, não como fosse ele me cobrar por infinitos abraços e beijos em meus piores dias, mas eu com meus problemas não soube corresponder à altura e não distingui seu grito de sofrimento, dor e solidão pela maneira "diferente" digamos de me dizer.
Hoje faço exatamente igual, em muitas vezes não sei da forma correta colocar pra fora o que me incomoda, não sei traduzir em palavras meus medos e aflições, e nos gestos, gritos e fúria, faço mal a tradução do problemas em palavras.
Foi exatamente isso que aconteceu e acontecia com ele, na sua revolta eu tomava as dores como sendo conte "mim", e quando na verdade em "mim" ele depositava todas suas esperanças de um abraço e compreensão.
A vida é engraçada, a maturidade vem depois de erros cometidos como esse, e tão cruel que em alguns casos não nos dá tempo de nos redimir.
Não que tenha hoje, depois de sua partida em 2001, ficado alguma coisa para trás ou deixada de ser dita. sempre depois de brigas os desentendimentos, não demorava a reconciliação, o abraço apertado que tantas vezes recebo como conforto e acalmou como ninguém nesse mundo a minha alma inquieta.
Amanhã dia dos pais...
Hahahaha, confesso que os meus ultimamente tem sidos os piores do mundo, nunca sofri tanto justamente nessa data, mas mesmo sem nunca ter tomado uma xícara de café com meu velho, como sua memória guardo com carinho cada palavra dita, cada carinho nas minhas costas, cada nota musical que cantamos juntos com ele ao violão, cada risada de me fazer mijar literalmente nas calças com seu humor pra lá de aciso e sarcástico, mas simplesmente genial, como ele sempre foi, um gênio, muito a frente do seu tempo.

Duas vidas, qual é a real?


Mas é então que tu percebe que de tudo o que era antes, nada faz e menor, que dirá o maior sentido.
Se antes acreditava ser importante fazer, ter e registrar alguma coisa para si mesmo ou na timeline no Facebook, hoje entendes que existe um outro mundo além, que não é esse, e que nesse, não se pode apagar erros como nas opções no mundo virtual, que nem sempre temos um corretor, quem muitas vezes reclamamos para nos ajudar, que não temos no mundo real a opção, excluir, corrigir, ou enganar até de como estamos nas carinhas coloridas no face.
Nos dois mundos em que hoje vivemos, nem sempre esses são iguais ou refletem a mesma pessoa.
Muitas vezes no virtual somos os mais felizes, os mais alegres, mais românticos, apaixonados, bonzinhos e sempre fazemos questão de expor tudo isso pelos mais variados motivos.
Já no real, não podemos não ser o que não somos, não podemos nos ou alguém enganar por pouco ou muito tempo.
Mas o mundo virtual não se sustenta, por mais fácil que possa parecer a sua manipulação com tantos e os mais variados recursos, quando tão pura e simplesmente o.real não faz mais o mínimo sentido.
Quando vivemos no real nossa verdade absoluta, ela não pode por mais que tentamos, conseguir fazer igual na virtual.
Sabem porque?
Não podemos seguir a dois "deuses" sem que em algum deles, não estivermos corrompendo nossa alma.
Unir ou ser igual nas duas vidas, é impossível, porque quando estamos em paz ou em verdade com nós mesmos, o virtual não passa de uma mentira não aos outros, mas pior, s nós mesmos.
Bom Dia!

Perdas e danos.



Perdemos pelos mais variados motivos, temos menos força, experiência, inteligência, medo, insegurança, dinheiro, beleza...enfim, muitas vezes perdemos por esses motivos e tantos outros, ah, lembrei, por teimosia, ego, e a lista é grande.
A pior das perdas além de tudo isso, são aquelas em que poderíamos ter feito a diferença e não fizemos.
Perder por nós mesmos, essa é sem dúvida a pior de todas.
Hoje eu perdi.
Perdi e sei que perdi, porque de tudo que tenho, existe em mim em sexto sentido pra lá de aguçado, que grita em alto e bom som não nos ouvidos, mas no coração, esse "som" é inconfundível, até porque já perdi outra batalha muito parecida.
A diferença das perdas foi a idade, e de como vou assimilar.
Quando perdi jovem, tinha ainda muito caminho a percorrer, tinha a força do corpo, os sonhos ainda jovens e com possibilidades de trilhar novos caminhos e rumos.
Na perda de hoje, limitações de muitas coisas, sonhos, desejos, tempos, prioridades, e a pior, os anos de vida que ma mostram que perdas assim não são fáceis de superar.
Passados 35 anos da perda primeira, sei que não é tão fácil recomeçar muitas coisas e que a dor ainda de fato nem começou, pra falar a verdade a dor quase que insuportável que virá, não sei sinceramente se terei resistência de assimilar.
Rock Balboa disse que não importa quantas vezes a gente caia, mas sim de quantas vezes temos a capacidade de nos levantar.
Dentro desse prognóstico, me conhecendo do jeito que sou, e de como hoje assimilo tais perdas, confesso que não tenho mais muitas chances de levantar.
Perder todos perdem e ganham, faz parte do jogo, mas perder por não aceitar o ganhar, é a pior das perdas.

Whith "K"



Pra sempre eu vou te amar.
Durante toda minha vida procurei insistentemente o amor da minha vida.
Tentei encontar nos mais diversos lugares, grupos de pessoas, até nas mais diferentes idades.
Em alguns casos me envolvi, entreguei o que não era para ser entregue porque não foi verdadeiro.
Por consequência não durou, não duraram, pois uma relação a dois é uma tarefa simples quando existe o amor, mas árdua e dolorida quando enganamos a nós mesmos e pior, a outra pessoa.
Depois veio a confusão de sentimentos, paixão, tesão, carência e medo de ficar sozinho.
Mais uma vez entregue a esses sentimentos, não durou.
Me perguntava se eu realmente sabia o que era amor, afinal, alguém com 52 anos sem ter tido um casamento, pode nessa encarnação, ter vindo para aprender ou quem sabe descobrir seu significado.
Pois então nossos caminhos se cruzaram, de formas tortas é verdade.
Cada um com sua caminhada, vindo ambos de direção completamente oposta.
Trazemos juntos marcas, lágrimas que por muitas vezes nem foram vistas, e sequer secadas por quem nos poderia acalmar mesmo sendo o motivo de nossa dor.
Perdi meu mais belo momento de poder ter sido o amor da tua vida, acredite, fui jovem e nem sempre tão chato e mau humorado como hoje.
Hoje não só em ti descobri o amor de um homem para uma mulher, mas descobri quem sabe o que vim para aprender, de que o amor não é difícil, e sim tão fácil e simples, como um sorriso mútuo dado quando penso em ti, na certeza de que estás pensado em mim.
Se vou viver esse amor?
Hoje já não me preocupo mais com isso, pois te amar por si só já é a melhor coisa do mundo.

O medo da "Hora Aquela"



O medo da "Hora Aquela"...
Na medida em que vamos envelhecendo, muitos dos medos que temos, ou trocam de lugar, deixam de existir, ou em alguns casos, apeacem outros.
Quais foram ou são os meus?
Buscando na memória, de criança, o medo da morte, de aranhas, cobras, escuro, bicho Papão, perder meus pais, ficar sozinho...
Ai veio a adolescência, e mudam os medos...
Continuam o da morte, mas nem tanto, aranhas, cobras, perder maus pais, deixam de existir, do escuro, bicho Papão.
Atingimos a idade quase adulta, aquela antes dos primeiros cabelos brancos, revemos os medos: aranhas, cobras nem tanto,porque cobras não são tão comuns das cidades e isso aprendemos a observar com o tempo, perder maus pais, entram em cena o do futuro, do emprego, dos relacionamentos, das responsabilidades, de tomar decisões, medo de errar, de fracassar...nossa como mudou né? Mas vem cá, com a idade não deveriam começar aos poucos desaparecerem? Afinal somos mais experientes, já cometemos erros e sempre procuramos observar entes de qualquer decisão ou riscos.
Mas não, eles botam como novas flores na primavera, infelizmente seu o agradável aroma da nova estação.
Agora na minha idade, 52, que idade é essa afinal?
Terceira já?
Melhor idade como dizem alguns, deve ser os que não sentem o ranger de ossos em corpos mais pesados e avançados com a idade e total sedentarismo.
Quem meu medo hoje?
Vamos contar...
Buscando os que ainda possa ter até aqui.
Aranhas? Sim, terrível, mas nem tanto, assim como as cobras elas deram um tempo de conviverem com os humanos em grandes centros de asfalto e cimento.
Cobras já nem tinha mais.
Bicho Papão? Não né?
Do futuro? Qual futuro? Para onde ainda sonho em ir? Será que não tenha me acomodado que o futuro hoje tanto faz, desde que menos pior o dia de amanhã que o de hoje e de ontem? Futuro curto esse, sem graça, mas como nosso assunto é medo, esse não tenho mais.
Futuro emprego, passou, me aposentei.
Relacionamentos, medo não, não deu nem tempo.
Errar? Fracassar? Já errei e continuo errando muito, fracassar? Não preciso mais ter medo, já fracassei.
Perder meu pais, infelizmente já os perdi, e só eu sei a dor que isso significa na minha vida, até hoje saudosa, dolorida e incurável.
Morte? Sim, esse voltou, na juventude parecia tão distante que agora bate a porta como que aos poucos querendo se chegar.
Não tenho medo da morte em si e para onde eu passa ir, mas meu medo é bem material, eu, olha só que coisa, tenho medo de "deixar" outras pessoas tristes, que nóia isso.
Mas tem medo novo ai?
Tem, e acreditem, o maior medo que já senti, o que mais me assusta, o que mais me causa dor aguda no fundo do meu coração e em toda minha alma...
Esse medo chama-se "A Hora Aquela"...
Sabe que hora é essa?
Ela está presente nos doze números do relógio, e está "sempre na hora dela", querer fazer que o "cuco" cante sabe-se lá quantas badaladas, é a hora em que o som mais alto que escute seja o da solidão, do nada, do vazio, no ouvir apenas a minha única presença num ambiente que insisto em querer chamar de casa.
A hora bate ponto quando chego de meus passeios ou viagens, deixo o carro na garagem, subo o elevador, pela fresta da porta já observo que não tem luz nenhuma, porque ninguém está me esperando, passo das em cada três fechaduras duas voltas de cada chave e abro a porta e ouço como diria Paul Simon, "The Sonds of Silence", e não lembro sobre o que fala a letra, usei aqui apenas o título.
O som do silêncio da "hora aquela".
Da que por mais alto que coloque o som favorito na vitrola, não sou capaz de deixar de ouvir. Ele ecoa como um eco marcante de anos de erros e desencontros.
A televisão é ligada de imediato: oi Silvio Santos, tudo bem? Sejas bem vindo e fique por aqui, adoro tua companhia.
A solidão mata, da pior forma possível e terrível, mata aos poucos, da míngua, dolorosa porque é cruel e silenciosa,
Ninguém percebe que estamos morrendo aos poucos, porque nada que o dia possa ter sido maravilhoso, sobrevive a uma volta silenciosa e solitária para casa.
Adoecemos de entro para fora e assim que os sinais visíveis se fizerem notados, será tarde de mais, porque a alma adoeceu e não restará a não ser uma contagem regressiva falindo aos poucos cada parte do corpos físico, de um espiritual já abatido.
A "Hora Aquela" é hoje meu maior medo, que curiosamente fez de todos meus medos de infância até aqui, meros coadjuvantes de uma vida de caminhada desde 1964.