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quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Minha Pequena "Cangaceira"...



Vamos voltar no tempo...
Vamos para outra época...
Vamos para 1977...
Tinha meus 13, para 14 anos...
Meus segundo ano em mais uma cidade, totalmente desconhecida, minha terceira mudança, primeiro de NH para Porto Alegre e agora Lajeado.
Sempre novos colégios, professores, colegas...
Então, aos poucos foi me enturmando com meus colegas de aula, e tive sorte, era uma turma maravilhosa, legais mesmo, sem frescuras, sem preconceitos, sem ninguém mais que ninguém, tanto que dessa turma, dessa época mantenho amizades de nos vermos até hoje.
Mas naquela época era complicado para eu me declarar para alguém, para de fato demonstrar estar interessado em alguma colega, além da minha timidez até os dias de hoje, imagina naquela época, não queria dizer que não tivesse alguém que mexesse de forma diferente meu coração.
Era uma menina muito bonita, além de extremamente querida, mas eu "sofria uma certa concorrência", já que não era apenas eu que tinha assim tão bom gosto por mulheres.
Outros colegas, e amigos nas rodas de bate papo, me confidenciavam, que sentiam admiração por ela, e como sempre nunca acreditei em mim, pelo menos em relação a isso, nunca tinha tido a oportunidade de me fazer entender de que eu estava de verdade afim dela.
No período de aula, não tinha como poder mesmo que em silêncio, ficar observando seu jeitinho meigo e delicado por muito tempo sem chamar atenção dela, de colegas ou até de professores.
Fora do período de colégio raramente nos víamos, era complicado.
Mas foi então que ela com outras colegas resolveu fazer parte de um grupo de danças da escola, e se apresentavam nas horas cívicas, ou oportunidades culturais de determinados períodos escolares.
Ah, mas não faltei nenhuma de suas apresentações, nos três turnos, manhã, tarde e noite, pois eram feitas essas apresentações para todos os turnos escolares.
Assisti a todas as suas apresentações, e lembro exatamente até hoje da coreografia, das músicas e do chapéu de cangaceiro que numa dessas elas usavam,
Além do chapéu, usavam aquelas "malhas pretas" de ginástica, lembram? Puxa vida, numa época tão diferentes dos dias atuais, poder ver nossa grande paixão usando roupas que moldavam seu corpo de menina era momento de muita raridade...
Eu, com certeza com olhos somente para ela, ouvindo a música e seus gestos ao mesmo ritmo, me deixava literalmente nas nuvens, sonhando acordado, e naqueles momentos parecia que o mundo parava, deixava de rodar e tudo aquilo duraria para sempre...
Depois era voltar para casa, lembro que nas apresentações à noite, tive a permissão da minha avó, morava com ela, de poder ir ao colégio, afinal, era "hora cívica" e nisso tive sempre total apoio dos meus avós...kkkk
Bons tempos, de bons e lindo sentimentos que tínhamos de formas tão puras e diferentes dos que vemos por ai hoje em dia..
Nada, pelo menos de minha parte, nada tinha com sexo em tudo isso, era sim a mais bela, inocente e pura forma de admiração por alguém que por muitos anos esteve em meus sonhos quando me imaginei um dia ter família, filhos, casa, cachorro e um fusca na garagem...
Saibas, sei que ela vai ler esse post, e ela sabe disso, já pude dizer isso para ela depois de todos esses anos, que foi maravilhoso ter sido, mesmo que secreta e platonicamente, um apaixonado por ti...
Uma das músicas foi essa...
De Eliana Pitman.
"Dona Maria, que dança é essa
que a gente dança só
Dona Maria, que dança é essa
é carimbó, é carimbó
Dona Maria, que dança é essa
que a gente dança só
Dona Maria, que dança é essa
é carimbó, é carimbó
Braço pra cima
Braço pra baixo
Agora já sei como é que é
Só falta bater a mão
Batendo também o pé
Só falta bater a mão
Batendo também o pé
Maria, quem foi que te disse
Que bala de rifle não mata ninguém?
Maria quem foi que te disse
Que beijo de amor não consola ninguém?
Ai Maria, Maria meu amor!
Ai Maria, eu quero é teu calor!
A benção, tia Luzia
A Benção, tio José
Minha mãe mandou buscar
Um pouquinho de café (2x)
A coruja cantou no galho da laranjeira
Quem quiser tomar café
vá falar com a cozinheira (2x)
A benção, tia Luzia
A Benção, tio José
Minha mãe mandou buscar
Um pouquinho de café (2x)
Braço pra cima
Braço pra baixo
Agora já sei como é que é
Só falta bater a mão
Batendo também o pé
Só falta bater a mão
Batendo também o pé"...

terça-feira, 10 de janeiro de 2017

O Tempo...



O tempo...
Quanto tempo...
Tenho...
Terei...
Tive...
Deixei de ter...
Quando cheguei aos 50 anos, hoje 52, me perguntei várias e várias vezes o que ainda me dariam prazer e me realizariam...
Observei que na mesma proporção em que envelhecemos, vamos mudando as coisas que nos fazem bem, são importantes, dão tesão, nos realizam, nos alimentam principalmente a alma...
Sentado há três dias de frete pro mar, debaixo de um guarda sol, sentindo um fresco vento no meu rosto, ouvindo o barulho mágico do mar, admirando mesmo que repetidamente o ritmo das ondas, mais uma vez confirmei a mim mesmo que hoje meu maior prazer é conversar...simplesmente isso, somente isso, conversar, ouvir, contar, relembrar, abrir o coração, confessar os pecados, perdir perdão, apenas rir...
Vi que de frente pro mar, raríssimas vezes fiz isso de maneira como sempre desejei, sentado, com alguém, no findar de mais um dia à beira mar...
Uma tristeza imensa senti quando me dei conta que nunca conversei com meu pai num lugar assim, nunca conversei com minha mãe num lugar assim, com tios, com aqueles amigos quase irmãos, com um amor...
Tentei imaginar o que e quais tipos de papos poderia ter com meu pai de frente pro mar, já que varamos infinitas madrugadas até o sol nascer e que dessas resolvemos os problemas do mundo, filosofamos, tentamos decifrar Deus e o mais diversos mistérios da humanidade e assim o sentido da vida...
Me dei conta de frente ao mar azul sob um sol maravilhoso que num lugar assim na grande maioria dos meus dias nesses, estive solitário e sozinho...
Em 52 anos em que pude ter a graça de desfrutar tamanha beleza, desfrutei de forma individual, sem ninguém para conversar e apenas olhando ao horizonte dizer...
- Olha que maravilha tudo isso...
Já conversei em mesas de bar, de cafés de beira de estrada, em postos de gasolina, em casa de amigos...mas nunca de frente pro mar...sentado esperando o findar do dia e o nascer da lua...
A melhor coisa do mundo é conversar, deixar nossa "essência" dentro de alguém, trazer para dentro de mim igualmente histórias e experiências de outros, para assim sentir que de tudo que vamos levar ao partir, será nossas lembranças e nada, mais nada que deixarmos de material, de bens fará o menor sentido, e terá qualquer tipo de importância...
Que 2017 seja o primeiro de vários passos de novos rumos para novos destinos e horizontes...
Boa Noite.

Não acredito no amor de hoje...



Sabem porque não acredito mais no amor?
Porque amamos churrasco...
Internacional...
Grêmio...
Praia...
Festas...
Cerveja...
Dinheiro...
Sexo...
Séries de TV...
Star Trek...
Star Wars...
DC...
Marvel...
Quindim...
Café...
Gramado...
Música...
Amamos tudo...
Amamos todos...
Amamos sem amar...
Sem o amar que passei a vida toda tentando diferenciar amor de estar apaixonado...
Quando pensei em estar apaixonado, me perguntavam...
- Sim mas tu ama?
Não seria a mesma coisa?
Não, me respondiam, me enchiam de teorias sobre amor e paixão...
Me tentavam fazer entender, que amor era o ápice do sentimento de amor e querer bem, de doação, entrega, devoção...
Hoje, aos 52, volto às minhas certezas, minhas convicções, de que se o verdadeiro Amor de Amar existe, não é assim tão fácil de ser pronunciado como sair pela boca ou num teclado de celular...
Por essas que ainda não tenho resposta sobre
de quantas vezes temos o verdadeiro sentimento do amor sentido em sua plenitude em cada encarnação...
Se amar é assim tão fácil, simples e corriqueiro, deve ser uma das razões dos relacionamentos não durarem...
O amor de outrora hoje é banal...
Pronunciamos "eu te amo" com a mesma facilidade de um simples "bom dia".

Mudanças...


Para seguir adiante é preciso primeiro saber para onde queremos ir, e nessa ida, chegar...
Feito isso, é preciso saber o que vale de verdade a pena e seja importante e essencial, levarmos juntos...
Então essas coisas que podem ser, sentimentos, sonhos, desejos, ´planos, desafios, tesão, colocarmos cada uma dessas coisas cuidadosamente em seus lugares, essas se possível na ordem de preferência, de fácil acesso, bem visíveis, para que não sejam mais uma vez, esquecidas, preteridas, ou corrermos no mesmo erro de sempre, adiadas e postergadas pelos mais diferentes motivos e desculpas.
Depois disso, podemos pensar que agora estamos prontos para seguir em frente, ai mais um erro, e quem sabe mesmo erro de sempre...
Para mudarmos de verdade, de rumos, buscarmos livres de tudo e de todos nossa felicidade, nossos desejos, satisfação, realização, amor, e essas, termos sempre em mente de que nunca é tarde demais, nem que dure apenas um único dia, temos que fazer o mais importante:
Estarmos decididos a deixar muitas coisas para trás...
Deixarmos culpas de erros cometidos no passado, e porque não num presente recente, deixar para trás, pesos que não temos mais porque carregar, quem sabe muitos deles já até tenhamos pago a conta e ainda não termos nos dado conta disso.
Deixar que antigas amizades que hoje se resumem a velhas fotografias numa enorme caixa de recordações, possam ser ocupadas por novas que hão de vir, com essas descobrir mais uma vez o gosto de um abraço tão carinhoso e fraterno um dia já sentidos...
Deixar lugares que possam nos prender porque nesses tivemos alguns momentos de felicidade, mas que do que nos deixou feliz, sobraram apenas as paredes de uma velha casa, uma simples praça ou escola...
Precisamos deixar para trás, antigos amores que pelos mais variados motivos quem sabe não tenham dado certo, e seguindo em frente, podemos ambos nos libertar para que cada um siga seu caminho, livres de rancores e quaisquer outros sentimentos para possibilitarmos nossos corações para outras pessoas que venham a esses completarem com um amor melhor que o que possamos ter vivido, ou que ambos merecemos.
Partirmos sem culpas mais uma vez, sem mágoas, partirmos leves para vivermos o que quem sabe esteja escrito uma relação em outro lugar, com outro alguém...
Partir em determinados momentos também serve para pararmos de sonhar acordados...
Sonhar pelos sonhos que jamais iremos viver, pois nossos sonhos não tem a reciprocidade desse outro alguém. Sonhos assim, nos corroem a alma, nos consomem demais nossas energias, nossos sentimentos, nos prendem no tempo, no espaço, nos envelhecem de maneira muito mais rápida, e nos fazem aos poucos secar como plantas que não recebem água...
Toda mudança, das mais fáceis as mais difíceis, nos exigem sacrifícios, nos fazem chorar, nos dão a impressão de que falhamos, mas, nosso instinto de sobrevivência nos faz ainda querer viver, continuar sonhando, acreditando que nossa felicidade esteja quem sabe em um outro lugar e nesse, quem sabe ali possamos encontrar nossa paz, nosso abraço que tanto precisamos, nossos apertos de mão que selam novas amizades...
Quem sabe nessas encontremos quem sorria para nós, quem faça nosso coração mais uma vez bater como adolescentes, nos fazem tremer como se tudo fosse nossa primeira vez, e nessas quem sabe possamos ouvir...
- Quem bom que você veio, eu estava aqui te esperando...valeu a pena...
Quem sabe em cada uma de nossas mudanças, ouçamos novas músicas que nos façam dançar, que troquemos o calor do toque nessa dança de nossos corpos, e assim como num conto de fadas que acredito todos somos merecedores, possamos sentir o gosto do doce beijo de dois seres divinos que estão, pura e simplesmente, mais uma vez buscando a oportunidade de se amarem, de só serem felizes...
Boa Noite!

Encontro com uma música, 40 anos depois...


Em 2017, como escrevi no fim do ano passado, vou escrever algumas coisas, experiências, abrir a minha "caixa preta", e nessa confessar meus pecados, contar coisas boas, felizes, tristes, enfim, deixar registrado aqui e no meu blog para quem um dia quiser saber das minhas andanças por esse mundão de Deus...
Hoje, pode ser uma coisinha bobinhas, mas aconteceu ontem a noite, quase que por "acidente"...mas me deixou infinitamente feliz...
Antes então vamos mais uma vez voltar um pouquinho no tempo...
Vamos voltar ao ano de 1979, 1980 e 1981...
Nessa época, quem sabe a mais feliz da minha vida,foi a época em que curti 24 horas por dia, 7 dias por semana, nosso grupo, juventude, da Igreja Luterana de Lajeado.
Tínhamos como "elo" dessa forte ligação, nosso querido e saudoso Pastor, Lotário Sander.
Com ele, nosso grupo de aproximadamente 25, 30 jovens, formamos uma verdadeira família, estávamos ligados de forma tão intensa de que fazíamos praticamente todas as coisas juntos, como pegar um cinema, passear, se encontrar para bolo e chimarrão ou simplesmente aos domingos ver o movimento nas ruas de Lajeado comendo pipoca...
Sábados a noite era o melhor momento meu na semana, era o dia de nossos encontros, todos lá, sem faltar ninguém, e além de jogar ping pong, cantar, conversar, rir e se divertir pra caramba, tínhamos nosso momento de devoção.
Dessa turma e desses encontros, surgiu a ideia e dessa a oportunidade de montarmos algumas peças teatrais, e porque não, sairmos estado a fora para nos apresentar?
Depois de forma mais ousada, formos até o estado do Paraná, igualmente fazer uma especie de "turnê" dessas peças teatrais.
Assim , foram 3 anos maravilhoso, que além dos encontros, normais de sábados, tínhamos os de ensaios das peças de teatro, montagem de cenários,montar e bolar figurinos etc...
Eu era quase que um dos mais novos do grupo, e me sentia maravilhosamente bem junto dessa turma, me transmitiam coisas boas, valores legais, me inspiravam na verdade...
Mas o tempo passou, cada um aos poucos foram seguindo seus caminhos, casaram, tiveram famílias, mudaram de cidade, empregos etc...
Como era um doa mais novos, ainda me mantive com os "novatos" que foram chegando no grupo, e assim ainda fiquei até pelos anos de 1986, 1987...
De tudo aquilo, ainda tenho guardado algumas coisas, lembranças, das viagens, das peças teatrais, escritos, algumas raras fotografias..
Mas numa da peças, das duas em que tivemos mais destaque, e eram por consequência as mais importantes, tenho o cd da "trilha" de uma delas, nesse cd, os diálogos, os efeitos sonoros, os ruídos, as locuções...
Nesse uma música que passei de uns 30 anos para cá, tentando descobrir que música seria essa...
Não tinha nenhuma, nenhum tipo de ponto de partida, afinal, se passaram 40 anos de tudo aquilo...
Certas noites, madrugadas, tirava para tentar descobrir que diacho de música seria essa, e vá procurar...nada, nenhum resultado, nenhuma pista nenhuma luz no fim do túnel...
Toda vez que ouvia o cd, pensava, puxa vida, como vou descobrir de quem é essa música...
E assim anos e anos a fio, pesquisando, escutando tudo, antigos discos de vinil, mostrando para um que outro amigo, nada...
2017 começou diferente...sinto isso...será ano de mudanças, resgates e perdões, deixar coisas resolvidas e essas bem resolvidas para livre e feliz seguir em frente...carregando o que me faz bem, o que me deixa feliz...
Então, ontem...ouvindo o cd na madrugada, o cd da peça teatral, resolvi colocar a pequena parte da música que abre e encerra nossa peça, no aplicativo "Shazan"...
Tenho esse aplicativo no celular, mas raramente uso quando ouço uma música em alguma rádio que não conheça...
Liguei o celular, e deixei o aplicativo tentar descobrir, sem assim muita esperança, já que tenho um pequeno trecho da mesma...
Para minha incredulidade, o aplicativo me deu um nome, um autor...
Fui pro youtube e...
Não...não era a minha música tão esperada e procurada como um tesouro de pirata,,,
Mas resolvi fazer outras combinações de busca, tendo como base a dica do Shazan...
Achei...
Indescritível minha emoção...
Impossível conter as lágrimas...
O batimento descompassado de meu coração...
Milhares de emoções voltam a minha mente...
Lembranças das mais lindas rodam em minhas melhores memórias como um filme maravilhoso...
Sinto aromas...ouço rosadas, sinto abraços, vejo sorrisos, lágrimas de momentos vividos por todos nós... Sinto muita saudades dos queridos que já se foram e vivem em outro plano...
Amigos, não tenho como de fato colocar em palavras tudo que senti... Sei que pode ser bobinho, sem graça, e nada de mais para muitos...
Mas na minha vida se existe uma coisa que respeito, e sempre respeitei e respeitarei, é não somente os sonhos das pessoas, mas as coisas, sejam essas quais foram que fazem bem a alma de meus amigos ou de quem seja, e nesse até de meus inimigos... Respeito demais esse tipo de individualidade de cada um...é sagrado pra mim, sempre foi e sempre será, porque sei e vejo por mim de como faz bem e são importantes...
Sei que vou compartilhar essa música e muitos não acharão a mínima graça e até vão ouvir até o fim, e sério, entendo perfeitamente, pois essas coisas são muito pessoais, e intransferíveis, cada um de nós, tem isso de forma muito individual e que bom, e bonito que seja assim... esse é mais um dos "mistérios da vida" que tanto me fascinam...por isso adoro uma xícara de café, uma madrugada, uma mesa de bar e simplesmente con ver sar...
Estou feliz... nada mais que 40, quarenta anos de busca, de espera, de não me conformar dessa música estar por ai e eu não a encontrar...
Mas agora aqui está...
Ouvida, salva, no pendrive...
Sim, 2017 será um ano de muitas coisas...entre elas meus mais preciosos resgastes,,,de meu corpo, minha alma...de quem sou e de quem quero ser...

A música é " Paul Mauriat - Entre le boeuf et l'âne gris (1967)"

sábado, 7 de janeiro de 2017

Ao Mestre com Carinho...



Eu tinha meus 16, 17 anos, quando meu grande amigo, e também pastor da nossa igreja, me pediu um favor para que pudesse o substituir em duas semanas nas aulas de musica que ele ministrava na Escola Sinodal em Conventos.
Fiquei surpreso e perguntei o que fazer, já que além de nunca ter estado numa sala de aula como professor, não tinha a mínima ideia do que deveria ou poderia fazer...
Ele me acalmou e disse que a faixa etária eram dos 14 aos 16 anos e que inventasse uma coisa tipo: "Interpretação musical", escolher uma música e deixar que eles traduzissem o que essas os fizessem pensar, que sentimentos despertariam em cada um deles, mais ou menos assim...
Ok topei, sempre gostei e gostava de desafios e esse seria mais um, a além do mais, imaginar em ser professor, seria uma experiência fantástica...
No dia marcado, lá estava eu, com meu violão e outras coisas que pensei que seria legal levar junto, como LPs, gravador etc...
Assim que as aulas começaram, o diretor me apresentou como professor substituto, e amigos, consegui essa "proeza" porque meu amigo, o Pastor Lotário, fez de mim, um "expert" em música e ótimo "ator" de cinema e teatro, e com certeza, o conhecia como ninguém, deve ter feito um currículo meu de dar inveja em caras tipo Tom Jobim, Maestro João Carlos Martins e carinhas do tipo....
Depois das apresentações do Diretor, me apresentei...
Contei de onde era, filho de quem, e que além de várias peças teatrais, havia feito cinema, com meu pai e com atores como nada mais que Geraldo Del Rey...
Com domínio total sobre a classe, disse que nesse dia faríamos um pequeno exercício de "interpretação musical", onde eu cantaria uma música e cada um deveria escrever numa folha o que essa música lhes teria transmitido.
Peguei meu violão e cantei umas três ou quatro músicas, entre elas a clássica das primeiras aulas de violão...
"Palmeiras, á beira mar, fazendo sobra na areia sobre a luz do luar..."
Assim todos começaram a escrever o que essa os transmitiu, quando uma guria levanta o braço e me chama...
- Professor?
- Pois não...
- Na música, que ouvimos lá pelas tantas falam em "ânsia febril"... O que isso quer dizer?
Eu pego de surpresa, peço atenção dos demais alunos...
- Pessoal!!! Pessoal!!! Ouviram bem a dúvida da colega de vocês? Prestem atenção que podem ser a mesma de muitos...
Quero que cada um pense um pouco a respeito, de o que seria "ânsia febril" e me digam para compararmos o que isso quer dizer para cada um de vocês...
Neste momento pedi licença e me retirei da sala e fui correndo até a biblioteca, peguei um dicionário do MEC e tirei minhas dúvidas, voltando calmamente para a sala de aula com aquela cara de "saber tudo sobre tudo"...
E assim cada um foi dizendo na ordem o que "isso" significava, ou acreditavam que poderia ser...
Ouvindo as respostas, salientei que deveríamos colocar o "ânsia febril" dentro do contexto da música e assim fizemos...
Foi minha primeira saia justa como professor, mas acredito que nessa tenha me saído bem...
Foi legal, repeti a dose uma semana depois...a experiência foi única e maravilhosa...

Mano, só para os íntimos...



Quarta pela manhã...
Fazendo compras para vir a praia...
Por traz de mim, ouço me chamarem...
- Mano...
Em rápida tentativa para descobrir quem teria me chamado, o leque será menos de 5 pessoas que me chamam assim, fora minha família onde ninguém, exatamente o oposto, me chamam de Ricardo...
Em resumo...
Pessoas que não são da família, não encho uma mão, 5 pessoas se muito que me chamam assim...e na família, ninguém me chama de Ricardo...
Entre essas menos de 5 pessoas, só poderia estar uma em especial, que assim me chama e sempre chamou, mas antes vamos voltar um pouquinho no tempo...
Vamos voltar para 1976, para o Colégio Estadual Presidente Castelo Branco, o Castelinho...
Lá minha prima Silvana, tinha uma amiga, e essa, era, sempre foi simplesmente linda em todos os sentidos.
Era um sonho como mulher, para caras como eu, inatingível, uma mulher linda, de rosto, simpatia, de corpo, uma verdadeira "musa inspiradora", para quem quisesse escrever textos ou poesias sobre e ou relacionadas a mulheres.
Ela com um pouco mais de idade do que eu, costumava mandar "ois" carinhosos no horário do recreio, já que ela ficava pelos corredores observando a movimentação das quadras, o pátio, onde eu costumava brincar, jogar bola com meus colegas.
Lá de vez em quando ouvia um "Oi Mano!" em alto e bom som, acompanhado de um sorriso lindo e apaixonante,e um aceno com a mão, e nesses gestos, meu olhar para retribuir tamanho carinho, eram acompanhados de batimentos cardíacos acima da média, um olhar com brilho de começo de adolescência, e porque não, lá no fundo, nem em que meus mais íntimos de secretos sonhos, igualmente sonhos de ficção de "ah, já pensou de um dia isso fosse mais que amizade e carinho pelo primo da amiga!?"
E assim foram anos e anos de "colegas", mesmo que em turmas separadas, essa "relação" de amizade e carinho que por um bom tempo durou.
Mas o tempo passou, ala cresceu, casou, teve filhos...
Eu cresci, na idade pelo menos, não de cabeça e maturidade, e como tudo na vida, faz as pessoas mudarem...
Eu engordei, tenho cabelos brancos, e nada lembra aquele guri, tive meu filho...
Mas ao me virar, agora voltando a 2017, vi que ela nada ou pouca coisa mudou...
Pode hoje ser uma mulher, mas ainda mantém a mesma carinha de menina que muito me encantava lá de cima da sacada do antigo colégio.
Ainda tem um corpo maravilhoso e escultural, ela se cuida e devem ser resultados de bons hábitos de saúde, atividades físicas, bem diferentes do dos meus...
Ela ainda tem a mesma voz delicada, que me proporcionou a ouvir meu "nome" para os muito, mas muito íntimos que assim tem essa liberdade, e voltei literalmente no tempo em estar ali, junto, pertinho dela, conversando como se nossa última conversa tivesse acontecido no horário do recreio do dia anterior.
Entre alguns rápidos assuntos, até porque, fui pego de "surpresa" e como bom virginiano, não gosto de não estar preparado, ouvi dela que ela me "lê" todos os dias...
Ai, muito surpreso é verdade, tentei já de saída me desculpar palas infinitas e incontáveis merdas que escrevo, principalmente de cornos azedo...
Ela deu uma pequena risada e disse:
- Nem esquenta, gosto mesmo assim, és autêntico e sem frescura e nhem nhem nhem, escreve o que sente, o que quer falar e tá certo...leiam ou não, gostem ou não, esse é tu na integralidade!
Falou que acompanha minhas broncas com meu vizinho e por ai vai...
Depois desse rápido e maravilhoso encontro que muitas coisas boas me fizeram sentir e principalmente voltar no tempo, que adoro o passado, perguntei sobre planos, filhos, moradia, etc, nos despedimos.
Foi maravilhoso, não sabia que mesmo sendo assim, existem pessoas que tem por mim carinho e nesse caso, de 40 anos trás...
Que os planos dela se realizem, assim como os meus, e que saibas do fundo do meu coração, que por toda minha vida poderás sempre me chamar de "Mano", pois ouvir com a tua voz, é alimento a minha alma adolescente.
Bom Dia Galera do FB.